Em 04 de fevereiro de 2024, a população de El Salvador foi às urnas e reelegeu Nayib Bukele como seu presidente com 84% dos votos. Bukele concorreu a uma reeleição considerada inconstitucional por seis artigos da Carta Magna salvadorenha que proíbem eleições consecutivas à Presidência da República. Porém, esse não foi um problema para o mandatário. Bukele controla os três poderes da República: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Seus partidários do Nuevas Ideas comandam 2/3 do Congresso desde 2021 e derrubaram os ministros da Suprema Corte salvadorenha e o Procurador-Geral da República, retirando supostos opositores e substituindo-os por apoiadores.
Bukele é um dos políticos mais populares da atualidade e com taxas de aprovação recordes para a América Latina. O publicitário e ex-prefeito carrega como uma de suas marcas de governo a redução nos índices de homicídio de um dos países mais violentos do mundo, angariando elogios da direita latino-americana às suas políticas de segurança pública. Referências à Bukele constavam das campanhas eleitorais dos atuais presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Equador, Daniel Noboa, como um ‘modelo’ a ser adotado para combater a violência e o crime organizado.
O Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e a rede de pesquisa sobre Multilateralismo e a Direita Radical na América Latina (MUDRAL) receberão, em 25 de março de 2024, das 11h às 12h30, especialistas para discutirem ‘Modelo Bukele’. Visaremos entender o que é esse ‘modelo’, como ele é discutido na América Latina, e como ele influencia as relações multilaterais regionais, tais como no âmbito do Sistema de la Integración Centroamericana (SICA) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).